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"O amor à primeira vista e o amor à segunda vista"

Atualizado: 19 de jun.

Ah! O amor! Chega de repente e de mansinho; e quando a gente vê já entrou porta adentro. Somos seres de relação, somos mamíferos e como tal, estamos sempre em busca de um colo, de um aconchego, sempre em busca na nossa "cara metade".

Mas, será que essa tal ideia de "cara metade" existe mesmo? Ou é invenção, resquícios de um era romântica e avassaladora que deixou muitos corações carentes e dependentes de toda afetividade, carinho, atenção, segurança, pertencimento, necessidades tão básicas de todos os seres humanos.


Bert Hellinger nos deixou seu legado teórico e nos diz que existe o amor à primeira vista e o amor à segunda vista.

O amor à primeira vista é "fogo da paixão", é amor que arde, é um amor que atrai de maneira especial, atravessa tanto um, quanto o outro, e deixa o casal "cego" para a realidade. Tudo que um consegue enxergar no outro é o sonho de outrora, é a "ilusão quentinha", "o cobertor que afaga" na necessidade de carinho, atenção e amor nos dias mais frios do ano, ainda que seja verão.


É uma busca incessante e inconsciente de serem amados, vistos, queridos de alguma forma. É uma felicidade primária e sonhadora que atravessa ambos e deixa um rastro de felicidade que promete que "vai ser pra sempre", "na saúde e na doença", amando-se mutuamente até o fim da vida. O homem e a mulher, neste momento, sentem essa felicidade, esse desejo com amor e, então, decidem dar mais um passo e se tornam um casal.


Mas, o que a vida nos mostra é que há muitos caminhos à frente, que se quer foram imaginados. Será que esse suposto amor dará conta de tantas mudanças ao longo do tempo que estarão juntos? O que sabem das "sombras" um do outro? O que sabem de toda historia que perpassa ambas as famílias, com suas crenças, valores, ideias e ideais, tão inconscientes de todos em cada um de seus distintos sistemas familiares?

Há um pressuposto da psicanálise que diz que quando um casal vai para cama não existem duas pessoas se relacionando e sim seis pessoas. Quem são essas pessoas? Os pais de ambos.


Como na música de Elis Regina: "Nós ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais". A epigenética, a neurociência, hoje, nos fala dessas memórias perpassadas por nossos pais e, também, ancestrais. Carregamos um pouco deles dentro de nós; está tudo conectado em nossas células, em nossas memórias, em nosso campo bioenergético, em nossas almas.


Há uma multidão de "vozes" que nos habitam. O que sabemos sobre o grande "iceberg profundo", a escuridão que envolve a origem de cada um de nós em nossos sistemas familiares?

Será que tudo que está "velado" nesse profundo, quando vier à tona trará a força para que o suposto "amor" sobreviva à nova realidade? Algo mais abrangente precisa acontecer para que as estruturas de base deem suporte para o sonho inicial do casal, algo que os conduza para uma força maior, uma amplidão e profundidade que os fazem crescer como casal para além desse primeiro amor.


Segundo Hellinger uma frase pode ajudar o casal: "Eu amo você e aquilo que nos guia" E o que Bert Hellinger quis dizer com essa frase? De repente não olham apenas para si e para o seu desejo, para seu ego, mas olham para algo que está além deles.

Mesmo que ainda não consigam compreender o que esta frase exige de ambos, ou com o que de especial que ela os presenteia, e ainda qual o destino que os aguardam, separadamente e juntos, ainda assim, esta frase os prepara e possibilita, após esse amor à primeira vista, à compreensão de um amor à segunda vista".


Inserir-se em um contexto de algo maior, entrar em sintonia com algo que nos conduz não pode ter respostas por algo ou alguém do exterior. Há que se desenvolver luz própria, autoconhecimento e amplitude de consciência, num âmbito que está diretamente ligado com o divino, com nossa dimensão mais sutil, espiritual, uma visão holística mais abrangente.


Quando um ou o outro ultrapassa esse limite do respeito, da honestidade, da responsabilidade e do ato que os levaram à união, daí, todo o projeto à dois perdeu as estruturas de base inicial. No relacionamento à dois isso é experimentado como uma morte; ou seja, há uma quebra de confiança entre o casal, uma perda, um luto.


Para lidarem com isso novamente, torna-se necessário um segundo olhar, o auto perdão e, principalmente, a frase que suscita o arrependimento "Eu sinto muito; errei com você", assumindo toda responsabilidade pelo ato de "traição" com seu companheiro ou companheira.

Nesse momento o casal pode olhar um nos olhos do outro e dizer um para o outro: "Eu me amo e amo você com tudo aquilo que nos conduz".

Olham para a frente, esquecem totalmente o que fizeram um ao outro e, nunca mais se toca no assunto.


Texto: Ana Maria Favero Martin

Será possível essa solução sistêmica de Bert Hellinger para as dificuldades nos relacionamentos de casais? Estamos prontos para essa premissa?

Como chega aí pra você esta leitura?


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